23 de fev. de 2008

A VIAGEM METAFÍSICA NA POESIA DE CECÍLIA MEIRELES

A viagem metafísica na poesia de Cecília Meireles
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Ana Maria Lisboa de Mello
(UFRGS)
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O tema da "viagem" é recorrente na produção literária de Cecília Meireles, presente no título do livro que a consagrou no cenário das Letras em 1938, e balizado por duas expressivas imagens - o mar e a noite - que se desdobram em constelações imagéticas. De um lado, este tema apresenta-se em uma dimensão geográfica, literal, nas referências às viagens marítimas portuguesas, aos percursos em cidades européias, indianas e outras, reunidas em Poemas escritos na Índia, Poemas de viagem e Poemas italianos, de outro, em uma dimensão metafórica, nos itinerários de um Eu em busca de si mesmo ou de uma instância incognoscível, inalcançável, utópica. Nesta segunda dimensão, o "mar" e a "noite" são os símbolos mediadores das revelações, tal como o sujeito lírico, metalingüisticamente, define o "mar" no poema "Périplo", de que citamos as três últimas estrofes:
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Deus-mar, tranqüilo, e inquieto, e preso e livre,
antigo
E sempre novo – indiferente e suscetível!
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Em cada praia deste mundo te celebram
Os que te amaram por naufrágios e vitórias,
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E religiosos se renderam, convencidos,
À lição tácita dos símbolos marítimos.1
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