A viagem no universo poético de Cecília Meireles
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Simone M. Soares
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Simone M. Soares
UFRGS
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Analisar o tema viagem na obra poética de Cecília Meireles requer, antes de tudo, um esclarecimento sobre a natureza deste tema no universo da autora. O fato de várias de suas obras referirem-se explicitamente a esta temática remete-nos à procura de elementos que as distingam das outras que não tratam de viagem. Entretanto, em Cecília, esta distinção não se opera - pelo menos, não de forma significativa. O universo temático da autora, bem como a visão de mundo que o transpassa, são bastante homogêneos para se dizer que há mudança em função de tratar-se ou não de viagem. Na poeta, a relação com a viagem é um pouco diferente.
As reflexões que já foram feitas a respeito de viagem, nas mais diversas áreas, nos dão uma idéia geral do ato de viajar. Como diz Otavio Ianni
"Toda viagem destina-se a ultrapassar fronteiras, tanto dissolvendo-as como recriando-as. Ao mesmo tempo que demarca diferenças, singularidades ou alteridades, demarca semelhanças, continuidades, ressonâncias. Tanto singulariza como universaliza. Projeta no espaço e no tempo um eu nômade, reconhecendo as diversidades e tecendo as continuidades."2(p.3)
As fronteiras de que fala Ianni tanto podem ser reais (um deslocamento meramente geográfico, espacial e temporal), quanto puramente psicológicas (no sentido de não haver deslocamento físico), sentimentais ou sensoriais, proporcionando ao viajante, no confronto com o novo, um amadurecimento de si mesmo. Além disso, podemos pensar também que no ato da viagem somos capazes de dar conta de pólos opostos que constituem a vivência do homem, tais como conhecido/desconhecido, próximo/distante, real/virtual, o que permite ao viajante ampliar a realidade com a qual ele se relaciona.
É desta forma que a viagem se insere no universo de Cecília. Não se trata de um simples ir de um lugar a outro. Os mecanismos normalmente acionados pelo ato de viajar, responsáveis por todo o enriquecimento que a viagem proporciona, são incorporados pelo Eu Poético da autora independentemente do ato de viajar. Eles fazem parte daquilo que irá constituir a visão de mundo que impulsiona este Eu poético. Cecília não é somente a viajante que vai de uma cidade a outra, de um país a outro. É uma viajante na vida, que, muito além do espaço e do tempo, utiliza a abertura para o novo, o permitir-se experimentar sensações e sentimentos na construção gradual de si mesma. E isto se dá mesmo que o viajar para dentro de si signifique, muitas vezes, o confronto com os próprios muros.
Analisar o tema viagem na obra poética de Cecília Meireles requer, antes de tudo, um esclarecimento sobre a natureza deste tema no universo da autora. O fato de várias de suas obras referirem-se explicitamente a esta temática remete-nos à procura de elementos que as distingam das outras que não tratam de viagem. Entretanto, em Cecília, esta distinção não se opera - pelo menos, não de forma significativa. O universo temático da autora, bem como a visão de mundo que o transpassa, são bastante homogêneos para se dizer que há mudança em função de tratar-se ou não de viagem. Na poeta, a relação com a viagem é um pouco diferente.
As reflexões que já foram feitas a respeito de viagem, nas mais diversas áreas, nos dão uma idéia geral do ato de viajar. Como diz Otavio Ianni
"Toda viagem destina-se a ultrapassar fronteiras, tanto dissolvendo-as como recriando-as. Ao mesmo tempo que demarca diferenças, singularidades ou alteridades, demarca semelhanças, continuidades, ressonâncias. Tanto singulariza como universaliza. Projeta no espaço e no tempo um eu nômade, reconhecendo as diversidades e tecendo as continuidades."2(p.3)
As fronteiras de que fala Ianni tanto podem ser reais (um deslocamento meramente geográfico, espacial e temporal), quanto puramente psicológicas (no sentido de não haver deslocamento físico), sentimentais ou sensoriais, proporcionando ao viajante, no confronto com o novo, um amadurecimento de si mesmo. Além disso, podemos pensar também que no ato da viagem somos capazes de dar conta de pólos opostos que constituem a vivência do homem, tais como conhecido/desconhecido, próximo/distante, real/virtual, o que permite ao viajante ampliar a realidade com a qual ele se relaciona.
É desta forma que a viagem se insere no universo de Cecília. Não se trata de um simples ir de um lugar a outro. Os mecanismos normalmente acionados pelo ato de viajar, responsáveis por todo o enriquecimento que a viagem proporciona, são incorporados pelo Eu Poético da autora independentemente do ato de viajar. Eles fazem parte daquilo que irá constituir a visão de mundo que impulsiona este Eu poético. Cecília não é somente a viajante que vai de uma cidade a outra, de um país a outro. É uma viajante na vida, que, muito além do espaço e do tempo, utiliza a abertura para o novo, o permitir-se experimentar sensações e sentimentos na construção gradual de si mesma. E isto se dá mesmo que o viajar para dentro de si signifique, muitas vezes, o confronto com os próprios muros.
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Um comentário:
Olá Leonor,
Estamos te convidando para visitar a mostra que homenageia o escritor mexicano Alfonso Reyes no Instituto Cervantes. A mostra que começa hoje, 28 de maio de 2008, terá debates, material audio-visual e uma grande coleção de livros a venda da editora mexicana Fondo de Cultura Econômica.
Esperamos sua visista na mostra ou em nossa livraria. www.fcebrasil.blogspot.com
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